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Mostrando postagens de maio, 2022

PENSANDO NO FIM, por Franco "Bifo" Berardi

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[artigo de Franco 'Bifo' Berardi , publicado em CTXT , em 08/10/2024. Tradução: Haroldo Gomes] Todos os discursos que ouvimos hoje, em 2024, são discursos que preparam o extermínio mútuo. A liberdade dos seres humanos reside única e exclusivamente no fato de que eles falam e se expressam com sinais. Nessa esfera, e em nenhuma outra, eles são livres.  Nessa esfera, eles se emancipam dos desígnios de Deus e, ao mesmo tempo, se emancipam da tirania do particular, do pertencimento e da força bruta. O processo de civilização consistiu em submeter a brutalidade da energia à linguagem. A missão da modernidade era governar a brutalidade e submeter a natureza à linguagem. Aqui reside a vocação dos modernos, pelo menos nas suas intenções. Hoje sabemos que, deste ponto de vista, a modernidade falhou no seu propósito. Não quero dizer que a linguagem tenha saído de cena: pelo contrário, a linguagem acelerou o seu ritmo a ponto de proliferar para além dos limites das capacidades de processa

“Quando pesadelos tornam-se constantes, as pessoas param de reagir”

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Pussy Riot é um grupo de punk rock feminista russo que se tornou conhecido por realizar shows e eventos de manifestação política, em prol dos direitos das mulheres e contra políticas governamentais discriminatórias na Rússia. A banda também ficou famosa pela oposição ao presidente russo Vladimir Putin, considerado um ditador pelo grupo. O grupo ganhou notoriedade global após um concerto, no dia 21 de fevereiro de 2012, na Catedral de Cristo Salvador de Moscou, no qual protestavam contra o apoio do líder da Igreja Ortodoxa Russa, o Patriarca Kirill I, ao então candidato Putin, que viria no mês seguinte a sancionar uma lei discriminatória contra a "propaganda gay". Devido ao concerto na Catedral, as ações do grupo foram condenadas como sacrílegas pelo clero ortodoxo e interrompidas pelos oficiais de segurança da igreja. Três integrantes foram detidas sem direito a fiança, após o julgamento foram transferidas para prisões de massa da antiga URSS, submetidas a condições precária

“A ‘Demokratia’ ateniense é uma exceção histórica: os pobres governavam diretamente”

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Capitán Swing publica em castelhano La democracia ateniense em la época de Demóstenes , um livro de 1991 do estudioso danês Mogens H. Hansen, possivelmente o maior conhecedor mundial da democracia ática. Hansen traduz ao leitor, com enorme vivacidade, a Assembléia, os nomothetai , o Tribunal Popular, os conselhos de magistrados, o Conselho dos Quinhentos, o Areópago e os ho boulomenos; e lá se aprende como os atenienses concebiam a liberdade e as diferenças cruciais entre aquela democracia e a nossa, que reivindica a primeira, mas se constrói a partir de preocupações diametralmente opostas. Andrés de Francisco é o autor dessa tradução, acompanhada por uma pequena mas substancial introdução. De Francisco (1963) é filósofo e professor titular na Faculdade de CC. Políticas e Sociologia (UCM); e autor entre outros livros de: La mirada republicana  (Los libros de la Catarata, 2012),  Visconti y la decadencia: otra mirada a la modernidad  (El Viejo Topo, 2019), y  Podemos, izquierda y «nue

Sobre a impotência: o que silenciamos quando falamos de política

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O pesquisador e escritor, Diego Sztulwark, apresenta uma vastar trajetória intelectual vinculada aos movimentos sociais na Argentina e América Latina. Coeditou a obra de León Rozitchner para a Biblioteca Nacional e é autor do livro La ofensiva sensible (Caja Negra, 2019). Escreve assiduamente no blog Lobo Suelto . O texto que segue, de autoria de Diego Sztulwark, foi publicado no blog Lobo Suelto , em 27/05/2022. Tradução: Haroldo Gomes. “ o capitalismo criou uma nova pobreza: a pobreza narrativa” (Marcelo Sevilla) 00. Um contraste perturbador. Num ensaio recente, com o título Sobre la impotencia, o filósofo italiano Paolo Virno assume o desafio de pensar aquilo que subjaz de modo angustiante na conversa política cotidiana, e a que León Rozitchner se referia como (falta de) “eficácia política. O sentimento atual e generalizado de ineficácia à hora de questionar e transformar o tipo de laço social e a ordem histórica do mundo, embora apenas para deter o desastre. O problema que pe

Quem venceu a guerra

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Franco Berardi , mais conhecido por  Bifo , é um  filósofo ,  escritor   e agitador cultural  italiano . Oriundo do movimento  operaísta , foi professor secundário em  Bolonha   e sempre se interessou sobre a relação entre o  movimento social   anticapitalista   e a  comunicação   independente. Este artigo foi publicado em Erbacce – forme di vita resistenti ai diserbanti , em 24/05/2022. Tradução: Haroldo Gomes.   Ainda haverá historiadores em 2122? Em caso positivo , é assim como eles vão lembrar de nós Franco “Bifo” Berardi Um historiador de 2122 (ainda haverá historiadores em 2122?) contará os eventos de cem anos atrás. Talvez assim: Os Estados Unidos da América, em meio a uma crise psicótica incurável, a uma guerra civil entre indivíduos super armados e bandos a mercê do pânico milenar, liderados por um Presidente que após a derrota afegã mergulhou definitivamente num estado de demência senil, provocando a terceira guerra mundial, explorando uma antiga disputa territorial entre rus

Participação: ampliação da democracia ou aperfeiçoamento do controle?

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  [ Artigo de  Amador Fern á ndez-Savater   no Portal ctxt – contexto y acción , publicad o em 15 / 5 /202 2 . Tradução: Haroldo Gomes ] A participação ingressou hoje em dia no mundo do trabalho, da comunicação ou da cultura, mas não no da política. Esta segue funcionando sob o velho modelo-televisão: unilateral, sem possibilidade de réplica ou diálogo, onde as posições de ator e espectador – em suas variantes de eleitor e formador de opinião – estão claramente repartidas e separadas. Se rege ainda pelo conceito clássico de representação: a presença de uma ausência. A política profissional é um modo de representação que ausenta o que representa: o povo delega (se ausenta) seus representantes. Por isso, as propostas de incluir modos de participação na política, de complementar a representação com a participação, podem soar como novidades ou inclusive disruptivas. Porém… Participação fácil e difícil De que participação estamos falando? Vamos distinguir dois conceitos de participação: f

A política como complô

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  [ Artigo de  Amador Fern á ndez-Savater   publicado  no Portal ctxt – contexto y acción , publicad o em 7 / 5 /202 2 . Tradução: Haroldo Gomes] Nosso mundo é dual: diz a paz e prepara a guerra, diz a lei e trapaceia, diz consenso e provoca a discórdia, diz riqueza e é apenas negócio Para Hugo, Chale, Vale e os amigos da oficinas das segundas-feiras, parceiros “ Tem que se construir um complô contra o complô” (Ricardo Piglia) Quem espiona quem? O governo espiona à oposição, a oposição se espiona entre si, ambos espionam à população, os serviços secretos espionam todos. E se o Estado fosse uma grande maquinação, o lugar onde se entrecruzam uma multidão de complôs? É a tese desenvolvida por Ricardo Piglia em sua Teoria do complô: a intriga é o nó da política. Para fora, o relato dominante – que é o relato dos que dominam – nos repete que a política democrática funciona pelo consenso, através da transparência, de acordo com uma série de regramentos e normas públicas. Porém, para dentr