Primeira partilha de Vapor ao Vento. Um texto de Jacques Rancière, filósofo francês contemporâneo. Quem quiser comentar, fique a vontade. Esse texto lhe diz algo?
“A
virtude primeira de nossa inteligência é a virtude poética. A impossibilidade
de dizer a verdade apesar de senti-la nos faz falar como poetas, narrar as
aventuras de nosso espírito e comprovar que são entendidas por outros
aventureiros [...]. No ato da palavra, o homem não transmite seu conhecimento,
mas poetiza, traduz e convida os outros a fazer o mesmo. Comunica como artesão:
manipulando as palavras como ferramentas [...]. A inteligência é a potência de
se fazer compreender que passa pela verificação do outro. E somente o igual
compreende o igual. Igualdade e inteligência são termos sinônimos [para se comunicar
com outros tem que se crer no princípio da igualdade de todas as inteligências]”.
Jacques
Rancière, em O mestre ignorante.