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Mostrando postagens de abril, 2020

Emanuele Coccia: “A Terra pode se desfazer de nós com a menor de suas criaturas”

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[Entrevista realizada por Nicolas Truong e publicada no blog Lobo Suelto , em 16/4/2020. Tradução: Vapor ao Vento] O filósofo explica porque, em sua opinião, a atual epidemia devolve o ser humano à natureza. E como a ecologia precisa ser repensada, para afastá-la da ideologia patriarcal baseada no “lar” O filósofo Emanuele Coccia é professor na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais e um dos intelectuais mais iconoclastas de seu tempo. Autor, na editora Payot et Rivages , das obras La Vie sensible (2010), Le Bien dans les choses (2013), La Vie des plantes ( A vida das plantas , publicado no Brasil pela Editora Cultura e Barbárie, em 2018), Une métaphysique du mélange (2016), acaba de publicar Métamorphoses (Payot et Rivages, 236 páginas), um livro que lembra como as espécies vivas se relacionam entre si, incluindo os vírus e os humanos, porque, segundo escreve “somos a borboleta dessa enorme lagarta que é nossa Terra”. Na entrevista abaixo, analisa os

Michel Onfray: o isolamento vai aguçar a luta de classes

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[Entrevista de Michel Onfray ao jornal italiano La Stampa , publicada em 14/4/2020. Tradução: Vapor ao Vento] No início, diagnosticaram o coronavírus sem efetuar os testes. Mas quando, alguns dias depois, eles fizeram os testes na esposa, descobriram que na realidade não tinham o Covid-19 mas a dengue, uma doença tropical. “Eles detiveram Dorothée no hospital. Eu fiquei em casa, na cama, com a febre que oscilava entre 38 e 40 graus”. Não é a primeira vez que Onfray, 61 anos, luta com a dor física. E nem com uma vida difícil: filho de um lavrador, com a mãe que fazia limpeza a domicilio, dos 10 aos 14 anos foi colocado em uma espécie de orfanato. Iconoclasta (muito à esquerda para os de direita e muito à direita para os que são de esquerda), a filosofia, muitas vezes, o salvou. O que você recomenda aos italianos, que estão confinados há mais tempo do que os franceses, para manter-se firme? O confinamento não pode ser pensado como uma idéia platônica, do tipo “confinamento

Vivência e experiência na crise do coronavírus

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Artigo de Amador Fernández-Savater publicado no site espanhol Filosofía Pirata , em 1/4/2020. Tradução: Vapor ao Vento. Durante uma conversa pela manhã por whatsapp, um amigo disse: “isso é o mais profundo coletivamente que nos aconteceu em várias gerações”. Trocamos mais algumas mensagens a partir dessa afirmação. Eu questiono a noção de experiência: é o que acontece conosco ou algo mais? E questiono também a noção de coletivo: é o que nos acontece a todos ao mesmo tempo ou outra coisa? A resposta fica no ar, como tantas coisas hoje. Meu amigo tem que atender a sua mãe em casa. Eu, com menos obrigações, decido aproveitar o tempo suspenso para seguir deduzindo sobre as perguntas que abrimos juntos. Recorro a outro amigo, um daqueles que você não conhece mais do que através dos livros mas que às vezes faz mais companhia do que tantos que vivem perto: o pensador argentino Ignacio Lewkowicz. Busco nele não tanto respostas como bons termos para apresentar a pergunta, melho

Covid-19: O Caos se Aproxima

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No momento em que o povo brasileiro mais precisa de governo, não temos. Quase todos os governos do mundo cuidam de proteger o seu povo. O nosso Governo, vira-se pro povo e pergunta: “E aí? Vocês preferem morrer com o vírus ou morrer de fome?” É a velha mentalidade escravocrata brasileira que não consegue conceber que as pessoas mais pobres tenham uma renda sem a mediação do trabalho. Nem em tempos de pandemia. O lema continua sendo: ou a renda pelo o emprego / trabalho informal ou a contaminação pelo vírus e o consequente risco de morte. Não conseguem pensar fora dessa lógica perversa. Não é a toa que o projeto de renda mínima do senador Eduardo Suplicy estava engavetado há uns 30 anos. Refirimo-nos ao Governo Federal, porque a maioria dos Estados brasileiros não aguentam o tranco por três meses. As Prefeituras vão precisar de socorro. Quase todas as pequenas Prefeituras do Nordeste não suportam tamanho sacrifício. Precisam que o Governo Federal atue,