Postagens

Mostrando postagens de junho, 2022

“Vivemos submetidos a uma cruel tirania do gozo permanente”

Imagem
Entrevista feita por Amador Fernández-Savater / María García Pérez / Oche Zamora com Fernando Martín Adúriz , psicoanalista, autor de La ansiedade que no cesa (Xoroi, Barcelona, 2018) e Por qué se escribe. Cinquenta escritores (M.Gómez, Málaga, 2022), publicada no portal ctxt.es , em 7/6/2022. Tradução: Haroldo Gomes. O ponto de partida da teoria crítica, diziam os situacionistas, é a insatisfação. Nessa época, os anos sessenta, tratava-se do mal estar de uma vida submetida à repressão: na casa, na escola, na fábrica, no quartel. Sociedade disciplinar. E hoje? O mal da época, sem sombra de dúvida, são as crises de ansiedade e as crises de pânico. De que nos falam? O que nos dizem do mundo que habitamos? O mal estar social, intensificado na época da pandemia, recentemente ultrapassou os umbrais do mainstream . Fala-se sobre eles no Parlamento e na televisão, figuras conhecidas aparecem perante o grande público mostrando o lado b do êxito: depressão, exaustão, ansiolíticos. No entan

Uma editora como máquina de guerra: Guy Debord e a subjetividade leitora

Imagem
Texto de Amador Fernández Savater, publicado em Lobo Suelto , em 3/5/2022. Tradução: Haroldo Gomes. “ Para saber escrever é preciso saber ler e para saber ler é preciso saber viver” (Guy Debord) Guy Debord foi um revolucionário durante toda a sua vida. Nos anos 60, para subverter a realidade, Debord faz parte de um grupo revolucionário: a Internacional Situacionista (IS). A IS concebe a si mesma como a expressão mais elevada das forças revolucionárias da arte e da cultura: “nossas idéias estão em todas as cabeças”. Nos anos 80, para organizar a resistência, Debord faz parte de… uma editora. Champ Libre , fundada pelo empresário Gérard Lebovici no rastro do cometa do maio francês. Debord se envolve progressivamente nela a partir de 1972, quando reedita La sociedade del espectáculo . Champ Libre é para o Debord dos anos 80 o que a IS foi nos anos 60: uma arma para ferir a sociedade do espetáculo. Mas, como uma editora pode ser equivalente, de alguma forma, a um grupo revolucionário? O

Paolo Virno. “Aristóteles é muito menos chato que Gilles Deleuze”

Imagem
Entrevista realizada por Daniel Gigena e publicada no portal La Nación , em 31/05/2022 . Tradução: Haroldo Gomes. O filósofo italiano reflete sobre um fator da vida contemporânea, em seu último livro: a impotência; adverte que, ocorrendo simultaneamente com uma superabundância de possibilidades, provoca uma “paralisia frenética” e “paixões tristes”. Próximo de completar os setenta anos, o filósofo, semiólogo, acadêmico e militante italiano, Paolo Virno (Nápolis, 1952) aprofunda sua reflexão sobre as tensões da vida social no capitalismo, que havia abordado em trabalhos como Virtuosismo y revolución. La acción política en la era del desencanto, Gramática de la multitud. Para un análisis de las formas de vida contemporáneas e El recuerdo del presente. Ensayo sobre el tiempo histórico . Professor de Filosofia da Linguagem na Universidade de Roma, na década de 1970, Virno participou das lutas operárias em seu país em grupos de orientação marxista; logo, junto com os outros editores da revi