Como o neoliberalismo destrói a democracia

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 [artigo de Christian Laval publicado em Viento Sur , em 8/4/2024. Tradução: Haroldo Gomes] A observação é clara. As democracias liberais e parlamentares, ligadas aos chamados Estados de Direito, são confrontadas externamente por regimes que abominam essa forma política, enquanto internamente são sabotadas por uma grande fração de forças de direita ou de extrema direita. Os recentes sucessos eleitorais das formações mais nacionalistas e xenófobas na Itália, Holanda e Alemanha atestam isso. Não se trata aqui de aprovar o desempenho das democracias parlamentares que estão historicamente ligadas ao colonialismo e que deram uma roupagem liberal à exploração capitalista da força de trabalho. Em vez disso, trata-se de mostrar como o neoliberalismo, como um modo geral de organização econômica e social em todos os níveis da vida, funcionou e continua a funcionar como uma máquina formidável para a destruição da democracia liberal. Foi isso que levou alguns autores, como Wendy Brown, a falar de

“Quando pesadelos tornam-se constantes, as pessoas param de reagir”

Pussy Riot é um grupo de punk rock feminista russo que se tornou conhecido por realizar shows e eventos de manifestação política, em prol dos direitos das mulheres e contra políticas governamentais discriminatórias na Rússia.

A banda também ficou famosa pela oposição ao presidente russo Vladimir Putin, considerado um ditador pelo grupo.

O grupo ganhou notoriedade global após um concerto, no dia 21 de fevereiro de 2012, na Catedral de Cristo Salvador de Moscou, no qual protestavam contra o apoio do líder da Igreja Ortodoxa Russa, o Patriarca Kirill I, ao então candidato Putin, que viria no mês seguinte a sancionar uma lei discriminatória contra a "propaganda gay".

Devido ao concerto na Catedral, as ações do grupo foram condenadas como sacrílegas pelo clero ortodoxo e interrompidas pelos oficiais de segurança da igreja. Três integrantes foram detidas sem direito a fiança, após o julgamento foram transferidas para prisões de massa da antiga URSS, submetidas a condições precárias, sem comunicação com os filhos e trabalho forçado. Uma delas foi Nadya Tolokonnikova.

A prisão causou uma comoção internacional, incluindo organizações como a Anistia Internacional e artistas como Madonna, Paul McCartney e Yoko Ono.

Após cumprir 21 dos 24 meses da pena, as integrantes da banda foram libertadas, em dezembro de 2013, depois que o Congresso Russo, a Duma, aprovou uma anistia.

UM GUIA PUSSY RIOT PARA O ATIVISMO

Nadya Tolokonnikova é fundadora do coletivo artístico ativista russo e banda punk Pussy Riot e é ela a autora do livro “Um Guia Pussy Riot para o Ativismo”, publicado no Brasil pela UBU, em 2019.

Este guia emana da experiência de Nadya, suas leituras, sua ética e sua visão de mundo como ativista, desenvolvidas ao longo dos quase dois anos de encarceramento num campo de trabalho forçado na Rússia. Feminismo, ativismo, arte, literatura, sistema judicial, sistema penitenciário, antipsiquiatria, resistência, Nadya atravessa todos esses temas de corpo inteiro, num relato poderoso e comovente do qual é impossível passar ileso.

O livro é de leitura muito agradável. Trata com entusiasmo do valor da coragem e da alegria. Em algum lugar, relatando o seu sofrimento na prisão e o impacto do encontro com o livro O poder dos que não têm poder, 1978, de Václav Havel, Nadya conclui: “Li o livro escondida dos funcionários da prisão e chorei de alegria. Aquelas lágrimas resgataram minha confiança e minha coragem. Só nos despedaçamos quando nos permitimos ser despedaçados… Quando nos faltam forças para agir, é preciso encontrar palavras que nos inspirem”.

"Um Guia Pussy Riot para o Ativismo" é um livro de relato poderoso e comovente do qual é impossível passar ileso. Está disponível para venda no blog Vapor ao Vento, com entrega grátis para a região do Grande Natal.

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