ABRE DO OLHO, PARNAMIRIM (1)
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Esses dias circulou nas redes sociais trecho de uma entrevista de uma pessoa que se apresenta como pré-candidata à Prefeito/a de Parnamirim e foi de assustar.
A pessoa disse: "Sou candidata contra o aborto e a favor da vida, sou cristã e a favor da família. Não sou esquerdista." E ponto final.
Parnamirim é uma cidade que se aproxima dos 300 mil habitantes. Uma cidade litorânea com muitos problemas: crescimento urbano desordenado, algumas áreas de constantes alagamentos que se repetem todo ano no período das chuvas, violência urbana, atendimento precário na saúde, desemprego e tantos outros. Uma cidade que já foi berço de importante polo industrial (especialmente têxtil) e que, com o fim das isenções de impostos e o processo de desindustrialização que vive o país nos últimos anos, se desfez. Uma cidade com muitos problemas sobre os quais os candidatos precisam se debruçar e oferecer alternativas viáveis e definitivas em forma de propostas. Uma cidade que operou em 2023 com 842 milhões de reais de receita total e destinou cerca de 0,6% desse valor para o investimento em ações culturais. Sendo que quase a metade desses 0,6% são de recursos federais.
Mas a pauta da maioria dos pré-candidatos a Prefeito atuais é moralista e ideológica. Uma mistura de falso moralismo com hipocrisia e negacionismo bolsonarista. A mesma postura que negou a gravidade de uma pandemia que resultou em 700 mil mortos no pais; que negligenciou a importância das vacinas; que agride ao meio ambiente e nega a gravidade desse descaso com a natureza (a tragédia no RS é, também, fruto dessa postura negacionista e de desmonte do Estado pela visão privatista).
É preciso ficar atentos. As tragédias não acontecem apenas com os outros e elas também são, em grande medida, resultado da quase completa ausência de planejamento, de visão estratégica da cidade por parte de quem a administra. Que cidade temos? Que cidade queremos e para quem? A natureza não escolhe tempo nem mede o impacto de suas reações às agressões dos seres humanos. E quando as tragédias vêm são as pessoas mais simples quem mais sofre e as alternativas não podem ser na base da operação "tapa buraco". "Alagou? - Liga a bomba aí pra tirar a água. A bomba quebrou? Leva pra consertar". E o povo que aguente o transtorno.
Tem pré-candidatura aí que se o cidadão pedir 5 propostas de ação para resolver problemas da cidade, não consegue apresentar, tamanha é a incapacidade. De fazer pena. Talvez por isso o número de pessoas indecisas nas pesquisas seja tão grande: não se sabe nem pra onde correr. "Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come".
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