PENSANDO NO FIM, por Franco "Bifo" Berardi

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[artigo de Franco 'Bifo' Berardi , publicado em CTXT , em 08/10/2024. Tradução: Haroldo Gomes] Todos os discursos que ouvimos hoje, em 2024, são discursos que preparam o extermínio mútuo. A liberdade dos seres humanos reside única e exclusivamente no fato de que eles falam e se expressam com sinais. Nessa esfera, e em nenhuma outra, eles são livres.  Nessa esfera, eles se emancipam dos desígnios de Deus e, ao mesmo tempo, se emancipam da tirania do particular, do pertencimento e da força bruta. O processo de civilização consistiu em submeter a brutalidade da energia à linguagem. A missão da modernidade era governar a brutalidade e submeter a natureza à linguagem. Aqui reside a vocação dos modernos, pelo menos nas suas intenções. Hoje sabemos que, deste ponto de vista, a modernidade falhou no seu propósito. Não quero dizer que a linguagem tenha saído de cena: pelo contrário, a linguagem acelerou o seu ritmo a ponto de proliferar para além dos limites das capacidades de processa...

Verás que um Bico teu não foge à luta


 HAROLDO GOMES
A notícia da nomeação de Rodrigo Bico (na foto de Lenilton Lima) para a presidência da Fundação José Augusto (FJA) é animadora. Bico é um ativista da cultura, um lutador, um artista que não se envergonha de fazer política, faz com alegria. Tem a credibilidade de muitos dos segmentos culturais do Estado e fez parte de um grupo de jovens militantes que deram feições alegres e vitalizantes a campanha do governador eleito, Robinson Faria. Com a mesma força com que atua no palco, Bico atuou nas Eleições 2014, na linha de frente do cordão criativo. De megafone (ou bico) solto. Chega a Fundação com méritos de sobra.

Todos sabemos que os desafios são muitos. A começar pela dificuldade financeira que o Estado atravessa, sem contar com o histórico fim de fila da Cultura como prioridade governamental, o que exige poder de negociação. Tem ainda toda a engrenagem da Fundação que é uma instituição com décadas de funcionamento, com hábitos arraigados (um jeito histórico de funcionar), que muitas vezes conflituam com o estilo que vem dos movimentos culturais. Um desafio importante, já no início, é conhecer bem esta engrenagem, lutar para adaptá-la às novas práticas no âmbito da Cultura, que exigem estruturas leves, ágeis, funcionais.

Tudo isso exige compreensão, paciência e colaboração dos segmentos culturais e apoio de quem tem peso político para tal. O acompanhamento do Partido dos Trabalhadores (com destaque para o Setorial de Cultura) e a intervenção parceira dos mandatos da Senadora Fátima Bezerra e do Deputado Estadual Fernando Mineiro, são essenciais. De minha parte, companheiro Bico, estou aqui. É pouco o que tenho a lhe oferecer, mas pode contar com a minha humilde colaboração mesmo de fora da estrutura. Grandes desafios exigem coragem e isso não lhe falta. Estamos juntos.

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