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Mostrando postagens de abril, 2018

PENSANDO NO FIM, por Franco "Bifo" Berardi

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[artigo de Franco 'Bifo' Berardi , publicado em CTXT , em 08/10/2024. Tradução: Haroldo Gomes] Todos os discursos que ouvimos hoje, em 2024, são discursos que preparam o extermínio mútuo. A liberdade dos seres humanos reside única e exclusivamente no fato de que eles falam e se expressam com sinais. Nessa esfera, e em nenhuma outra, eles são livres.  Nessa esfera, eles se emancipam dos desígnios de Deus e, ao mesmo tempo, se emancipam da tirania do particular, do pertencimento e da força bruta. O processo de civilização consistiu em submeter a brutalidade da energia à linguagem. A missão da modernidade era governar a brutalidade e submeter a natureza à linguagem. Aqui reside a vocação dos modernos, pelo menos nas suas intenções. Hoje sabemos que, deste ponto de vista, a modernidade falhou no seu propósito. Não quero dizer que a linguagem tenha saído de cena: pelo contrário, a linguagem acelerou o seu ritmo a ponto de proliferar para além dos limites das capacidades de processa...

Fragmentos de Alexander Lowen: a loucura é a perda de contato com o corpo

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Extratos de uma antiga entrevista com Alexander Lowen (1910-2008), criador da Bioenergética, no site Televisión Consciente. (Tradução: Vapor ao Vento). VOCÊ É O SEU CORPO Eu só posso dizer que, nesses 46 anos trabalhando com a questão corpo/mente, e penso que estou começando a entender algo sobre isso. A convicção que tenho, evidentemente, é que você és seu corpo. E sua cabeça não o controla... pelo menos de modo positivo. Pode controla-lo, em alguns aspectos, de um modo negativo. E meu trabalho tem sido estar mais em meu corpo para não estar dividido entre corpo e mente. Isso preserva e preenche minha vida de muitas maneiras. Finalmente, chego a um ponto em que creio entender como isso funciona, mas não é fácil. UMA FAMILIA DIVIDIDA Me dei conta ao trabalhar com a abordagem corpo-mente de que provenho de uma família que estava dividida. Meu e minha mãe não se entendiam muito bem. Discutiram toda a vida que conheci deles. E eram duas personalidades diferentes. Minha mãe...

Barcelona já não gera convivência

Entrevista do sitio La Vanguardia com Marina Garcés sobre o seu novo livro, Ciudad Princesa (Galaxia Gutenberg, em catalão e castelhano) no qual fala sobre Barcelona, a amizade, vida e política, Europa, entre outros, publicada em 09.04.2018. (A tradução é do grupo “Vapor ao Vento”) Marina Garcés estudou filosofia em Barcelona, cidade na qual sempre viveu. Atualmente é professora titular de filosofia na Universidade de Zaragoza. Seu trabalho se divide entre a docência, a escritura, os filhos e a dedicação ao pensamento prático, crítico e coletivo que impulsiona há anos, junto com outros companheiros seus, em Espai en Blanc . Qual foi a faísca do livro? Responde a uma inquietude e a uma desorientação nos anos imediatamente posteriores ao 15-M, com a volta que implica um cenário das crises, a nova política, o processo... Decidi fazer um trabalho de escritura silencioso que me permitisse encontrar caminhos, fios que estavam se apagando muito rápido, uma experiência acumulada q...