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Mostrando postagens de janeiro, 2015

PENSANDO NO FIM, por Franco "Bifo" Berardi

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[artigo de Franco 'Bifo' Berardi , publicado em CTXT , em 08/10/2024. Tradução: Haroldo Gomes] Todos os discursos que ouvimos hoje, em 2024, são discursos que preparam o extermínio mútuo. A liberdade dos seres humanos reside única e exclusivamente no fato de que eles falam e se expressam com sinais. Nessa esfera, e em nenhuma outra, eles são livres.  Nessa esfera, eles se emancipam dos desígnios de Deus e, ao mesmo tempo, se emancipam da tirania do particular, do pertencimento e da força bruta. O processo de civilização consistiu em submeter a brutalidade da energia à linguagem. A missão da modernidade era governar a brutalidade e submeter a natureza à linguagem. Aqui reside a vocação dos modernos, pelo menos nas suas intenções. Hoje sabemos que, deste ponto de vista, a modernidade falhou no seu propósito. Não quero dizer que a linguagem tenha saído de cena: pelo contrário, a linguagem acelerou o seu ritmo a ponto de proliferar para além dos limites das capacidades de processa...

Zapatistas empenhados no “bem viver”

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[Artigo de Ángel Luis Lara , sociólogo e professor de Estudos Culturais na Universidade Pública de Nova York, publicado no Periódico Diagonal , 18.1.2015. Tradução: Vapor ao Vento] “Cada vez mais nos unimos à dor, porém também à raiva. Porque agora, e desde algum tempo, vemos que em muitos rincões se acendem luzes”. A 21 anos de seu levantamento armado , a palavra zapatista segue falando a mesma língua, porém mudou de voz . Moisés substituiu Marcos como porta-voz do movimento e, mais além do imaginário evangélico com o qual jogam ambos pseudônimos, o êxodo zapatista segue seu curso em espiral. Centenas de milhares de homens, mulheres, anciãos e meninos governando-se a partir de suas necessidades, capacidades, possibilidades e desejos coletivos. Um buraco na História Universal pelo qual emerge uma história multiversal e contingente feita de processos mais do que de eventos, de enunciações comuns mais que de nomes próprios. Desde mais de 20 anos, os povos zapatistas do sudoes...

França ferida no coração de seu laicismo e de sua liberdade

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[Texto de Edgar Morin, sociólogo e filósofo francês, publicado no portal Rebelión , em 13.1.2015. Tradução: Vapor ao Vento] A expressão de François Hollande é justa: “França ferida no coração”. Feriram-na no coração de sua natureza laica e de sua ideia de liberdade, justamente contra um semanário tipicamente desrespeitoso, do burlesco até toda forma sagrada, especialmente religiosa. Pois bem, a falta de respeito de Charlie Hebdo se situa no riso e no humor, o que outorga ao atentado um caráter monstruosamente imbecil. Nossa emoção não deve paralisar nossa razão, como tampouco a razão deve atenuar nossa emoção. Uma contradição insuperável Houve problemas no momento de publicar as caricaturas. É necessário deixar que a liberdade ofenda a fé dos crentes do islão degradando a imagem de seu Profeta ou é que a liberdade de expressão prima sobre toda outra consideração? Meu sentimento é que existe uma contradição insuperável, tanto mais que eu sou dos que se opõem à profanação d...