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Mostrando postagens de outubro, 2018

PENSANDO NO FIM, por Franco "Bifo" Berardi

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[artigo de Franco 'Bifo' Berardi , publicado em CTXT , em 08/10/2024. Tradução: Haroldo Gomes] Todos os discursos que ouvimos hoje, em 2024, são discursos que preparam o extermínio mútuo. A liberdade dos seres humanos reside única e exclusivamente no fato de que eles falam e se expressam com sinais. Nessa esfera, e em nenhuma outra, eles são livres.  Nessa esfera, eles se emancipam dos desígnios de Deus e, ao mesmo tempo, se emancipam da tirania do particular, do pertencimento e da força bruta. O processo de civilização consistiu em submeter a brutalidade da energia à linguagem. A missão da modernidade era governar a brutalidade e submeter a natureza à linguagem. Aqui reside a vocação dos modernos, pelo menos nas suas intenções. Hoje sabemos que, deste ponto de vista, a modernidade falhou no seu propósito. Não quero dizer que a linguagem tenha saído de cena: pelo contrário, a linguagem acelerou o seu ritmo a ponto de proliferar para além dos limites das capacidades de processa...

“Voltar a nos entediar é a última aventura possível”: entrevista com Franco Berardi, Bifo

Entrevista com o filósofo italiano, Franco Berardi (Bifo) , feita por Amador Fernández-Savater, publicada no blog Interferencias , em 19/10/2018. Tradução: Vapor ao Vento. No começo dos anos 70, Pier Paolo Pasolini falava de “mutação antropológica” para se referir aos efeitos que a penetração da cultura do consumo na Itália estava tendo. O consumo alcançava e alterava camadas do ser que nem sequer o fascismo havia tocado. Todas as respostas – da política, da cultura, da filosofia – deviam ser repensadas à luz dos acontecimentos, segundo o poeta-cineasta. Em seu último livro Fenomenología del fin , um trabalho de mais de 15 anos, Franco Berardi (Bifo), filósofo e participante ativo dos movimentos autônomos italianos desde os anos 70, descreve a “mutação antropológica” de nossos dias: o impacto das tecnologias digitais sobre nossa percepção e nossa sensibilidade. O que é a sensibilidade? É a capacidade de interpretar sinais não discursivos, não-codificados. Pois bem, essa capac...