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Mostrando postagens de agosto, 2015

PENSANDO NO FIM, por Franco "Bifo" Berardi

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[artigo de Franco 'Bifo' Berardi , publicado em CTXT , em 08/10/2024. Tradução: Haroldo Gomes] Todos os discursos que ouvimos hoje, em 2024, são discursos que preparam o extermínio mútuo. A liberdade dos seres humanos reside única e exclusivamente no fato de que eles falam e se expressam com sinais. Nessa esfera, e em nenhuma outra, eles são livres.  Nessa esfera, eles se emancipam dos desígnios de Deus e, ao mesmo tempo, se emancipam da tirania do particular, do pertencimento e da força bruta. O processo de civilização consistiu em submeter a brutalidade da energia à linguagem. A missão da modernidade era governar a brutalidade e submeter a natureza à linguagem. Aqui reside a vocação dos modernos, pelo menos nas suas intenções. Hoje sabemos que, deste ponto de vista, a modernidade falhou no seu propósito. Não quero dizer que a linguagem tenha saído de cena: pelo contrário, a linguagem acelerou o seu ritmo a ponto de proliferar para além dos limites das capacidades de processa...

A filosofia “sem pressa” se expande pelo mundo

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[Reportagem de Periódico Diagonal , em 13/8/2015. Tradução: Haroldo Gomes] O café, o cacau, as montanhas e essas pomposas vilas que aparecem nas telenovelas colombianas são os principais elementos que caracterizam a paisagem cafeeira de Pijao, primeiro povo slow ou povo sem pressa da América Latina, situado na Cordilheira Central da Colombia. Este lugar, declarado pela UNESCO Patrimônio Cultural da Humanidade em 2011, destaca-se por sua arquitetura colonial e sua grande biodiversidade. Pijao é um povo típico que atrai cada vez mais turismo; porém, o que é um município slow ou sem pressa? Nas primeiras páginas do imprescindível ensaio do jornalista Carl Honoré, Elogio de la Lentitud (RBA, 2005), o autor canadense pergunta o que é que se faz primeiro ao se levantar pela manhã. Por acaso, corre as cortinas? Pergunta. De maneira nenhuma: a primeira coisa que uma pessoa faz antes de se levantar da cama é consultar a hora, porque “todo mundo sofre da doença do tempo”. ...

O pesadelo de um mundo em rede

(Texto de Amador Fernandez-Savater , co-editor de Acuarela Libros, no blog Interferencias , em 24/7/2015 , sobre o livro “La hipótesis cibernética”, do coletivo Tiqqun. Tradução: Haroldo Gomes) “Naquele Império, a Arte da Cartografia conseguiu tal Perfeição que o Mapa de uma só Província ocupava toda uma Cidade, e o Mapa do Impéri, toda uma Província. Com o tempo, esses Mapas Descomedidos não satisfizeram e as Escolas de Cartógrafos levantaram um Mapa do Império, que tinha o Tamanho do Império e coincidia pontualmente com ele. Menos Adeptas ao Estudo da Cartografia, as Gerações Seguintes entenderam que esse dilatado Mapa era Inútil e não sem Impiedade o entregaram às Inclemências do Sol e dos Invernos. Nos Desertos do Oeste perduram despedaçadas Ruínas do Mapa, habitadas por Animais e por Mendigos; em todo o País não há outra relíquia das Disciplinas Geográficas (Borges, “Del rigor de la ciência”) As distopias ou “utopias negativas” são obras de ficção que levam até um...