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Marina Garcés: “A filosofia nasce como arte das ruas”

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 [Entrevista com Marina Garcés , publicada no jornal El País , em 7/7/2015. Tradução: Haroldo Gomes] Mãe de dois filhos, professora na Universidade de Zaragoza e ensaísta, Marina Garcés sustenta que diante das perguntas inaugurais da filosofia – como viver?, como pensar?, como atuar? – devemos dar respostas e soluções desde o compromisso comum, porém também “enquanto fazemos a comida, cuidamos de nossos filhos mais velhos, rindo, lutando, amando e contando histórias”. Primeira lição prática. Essa entrevista se desenvolve na cozinha. Em seu livro Un mundo común (Bellaterra, 2013), você fala da filosofia como um meio para a conquista de uma vida partilhada, diante do eu e da individualidade. O que levou você a estuda-la numa época, os noventa, em que se considerava uma disciplina morta e enterrada, como a   história e como tantas outras certezas? Era 1992, ano do triunfalismo em Barcelona e no conjunto da Espanha. Também eram os anos da globalização feliz. O mundo havia se

A filosofia “sem pressa” se expande pelo mundo

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[Reportagem de Periódico Diagonal , em 13/8/2015. Tradução: Haroldo Gomes] O café, o cacau, as montanhas e essas pomposas vilas que aparecem nas telenovelas colombianas são os principais elementos que caracterizam a paisagem cafeeira de Pijao, primeiro povo slow ou povo sem pressa da América Latina, situado na Cordilheira Central da Colombia. Este lugar, declarado pela UNESCO Patrimônio Cultural da Humanidade em 2011, destaca-se por sua arquitetura colonial e sua grande biodiversidade. Pijao é um povo típico que atrai cada vez mais turismo; porém, o que é um município slow ou sem pressa? Nas primeiras páginas do imprescindível ensaio do jornalista Carl Honoré, Elogio de la Lentitud (RBA, 2005), o autor canadense pergunta o que é que se faz primeiro ao se levantar pela manhã. Por acaso, corre as cortinas? Pergunta. De maneira nenhuma: a primeira coisa que uma pessoa faz antes de se levantar da cama é consultar a hora, porque “todo mundo sofre da doença do tempo”.

O pesadelo de um mundo em rede

(Texto de Amador Fernandez-Savater , co-editor de Acuarela Libros, no blog Interferencias , em 24/7/2015 , sobre o livro “La hipótesis cibernética”, do coletivo Tiqqun. Tradução: Haroldo Gomes) “Naquele Império, a Arte da Cartografia conseguiu tal Perfeição que o Mapa de uma só Província ocupava toda uma Cidade, e o Mapa do Impéri, toda uma Província. Com o tempo, esses Mapas Descomedidos não satisfizeram e as Escolas de Cartógrafos levantaram um Mapa do Império, que tinha o Tamanho do Império e coincidia pontualmente com ele. Menos Adeptas ao Estudo da Cartografia, as Gerações Seguintes entenderam que esse dilatado Mapa era Inútil e não sem Impiedade o entregaram às Inclemências do Sol e dos Invernos. Nos Desertos do Oeste perduram despedaçadas Ruínas do Mapa, habitadas por Animais e por Mendigos; em todo o País não há outra relíquia das Disciplinas Geográficas (Borges, “Del rigor de la ciência”) As distopias ou “utopias negativas” são obras de ficção que levam até um